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A deficiência na primeira pessoa



José Marques

- 29 anos

- Portador de deficiência desde o nascimento (Paralisia Cerebral)

- Frequentou o ensino especial até ao 9º ano e depois frequentou o Centro de Atividades Ocupacionais do Centro de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian

- Foi no Centro de Atividades Ocupacionais que conheceu a CIM – Companhia de Dança da qual faz parte desde 2004 (ano da fundação)



O que é, para si, a deficiência?

Para mim, a deficiência é superar as dificuldades todos os dias. Superar barreiras em todas as circunstâncias.


Embora a sociedade tenha tendência a encontrar várias desvantagens que as pessoas

com deficiência têm na sua vida, consegue identificar algum aspeto que não

corresponda a uma verdadeira desvantagem?

A desvantagem está na mentalidade quem a faz. Parte da pessoa com deficiência demonstrar que essa desvantagem se pode colocar a seu favor. A pessoa tem de ir à luta para combater essa suposta desvantagem.


Acha que uma pessoa com deficiência tem maior força, mais capacidade de ir à luta do

que uma pessoa sem deficiência?

Depende de caso para caso. No meu caso sim!


Quais as lutas que trava e que mais facilmente consegue ganhar e quais aquelas que

não consegue ultrapassar?

Eu acho que não é bem uma luta. Cada dia nós vamos ultrapassando os objetivos a que nos

propomos. Tal como você tem os seus objetivos, eu também tenho os meus. Eu só tenho de

lutar um pouco mais para os alcançar. No fundo, tenho de arranjar estratégias para os

conseguir. Pode dar um pouco mais trabalho, mas eu vou conseguir! É como lhe digo: depende de pessoa para pessoa. Mas como eu não sou uma pessoa de desistir facilmente, vou à luta e encontro estratégias para alcançar os meus objetivos.


Qual é o papel que atribui às pessoas que o apoiam habitualmente?

A minha retaguarda familiar é fundamental, são o meu suporte. Tudo o que eu faço no meu

quotidiano e na minha vida diária depende deles. Sem uma boa retaguarda familiar eu não era capaz de fazer todas as atividades que faço atualmente, como ir aos ensaios da CIM ou atuar nos espetáculos. Claro que há pessoas com deficiência que conseguem ser perfeitamente autónomas, mas uma boa retaguarda familiar é fundamental.


Quem são os elementos da sua família que são a sua retaguarda?

São todos fundamentais: os meus irmãos e os meus pais!


Das ajudas técnicas que tem, quais aquelas que mais valoriza?

A cadeira de rodas elétrica, que me permite deslocar-me autonomamente. O telemóvel, que me permite comunicar e o tablet, sem o qual não podíamos estar aqui a conversar.


O que é que acha que a sociedade tem a ganhar com pessoa com deficiência?

(risos) Se calhar alguma mudança de mentalidades.


Em que sentido?

Por exemplo, tornando-se mais consciente das barreiras arquitetónicas.

Mas, mais importante ainda, que acabem com o estigma do “coitadinho” quando vêem uma pessoa sozinha na rua. Eu nunca aceitei esse estigma. Eu não tenho esse tipo de

mentalidade. Depende de como a pessoa se sente.


Com outras pessoas portadoras de deficiência, há algum caso concreto em que tenha

ajudado alguém a dar a volta à sua vida?

“Nunca desistir, por mais difícil que seja a tarefa!” Essa é a mensagem que eu passo a toda a gente.


Numa palavra, para si o que é ser portador de deficiência, numa palavra?

Determinação


Escolha uma de cada par de palavras:


Medo ou respeito?

Respeito


Insistência ou persistência?

Persistência


Desvantagem ou oportunidade?

Oportunidade


Ajuda ou suporte?

Suporte


Apoio ou solidariedade?

Apoio


Frustração ou superação?

Superação


Coletivo ou individual?

Coletivo


Irmãos ou amigos?

Irmãos


Tratamento ou superação?

Superação


09 de agosto de 2020

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